Feira de vinil em SP. |
Recentemente, o ex-Oasis Noel Gallagher e outros astros
emitiram sua opinião a respeito do atual revival do vinil. Como amante da
música e colecionador de discos fiquei instigado a também expressar a minha
opinião.
Por si só essa volta dos discos de vinil, nossos queridos
bolachões, já é surpreendente! Depois de estar fadado a extinção nos anos 90,
passou por altos e baixos, mas sempre seguiu por aí e nunca deixou de circular
de fato.
Quando comecei a me interessar de verdade por música, com
meus 12 ou 13 anos, o vinil já era coisa do passado. Tínhamos o CD e o MP3,
comecei a ouvir e colecionar música por este segundo. Depois de começar a ouvir
rock & roll e descobrir que aqueles CDs cheios de música que minha mãe
guardava em casa na verdade eram álbuns e que podíamos encara-los como arte
assim como os filmes, em VHS claro, já que na época eu ainda não possuía DVD.
Fui buscando as chamadas discografias – uma palavra nova
que usaria pelo resto da minha vida – e colecionando os álbuns em pastas de
arquivo cheias de MP3 e capas em jpg.
Quando comecei a trabalhar e comprei meus primeiros CDs
acabei fazendo disto um hobby, passei a colecionar de verdade, mas nunca
comprei por comprar, sempre comprei por gostar.
Com o tempo me interessei também por LPs, andando pelos
sebos de SP ficava admirando aquelas capas gigantes e percebia o fetiche dos
rockers mais velhos por aquele objeto.
Só quando comprei meus primeiros LPs saquei o lance por
trás do colecionismo do vinil.
Mas tudo é questão de gosto, há quem prefira CD, K7, MP3,
etc. Não julgo. É quase como religião, futebol, politica, cada um tem uma
opinião e provavelmente vai defende-la a qualquer custo.
Agora sobre o revival do vinil.
Acho um movimento válido. Se vai durar? Realmente não dá
para saber.
Pode passar rápido e cair novamente em desinteresse ou
não. É muito difícil o interesse pelos LPs continuar crescendo sem o apoio da
mídia. Já que a rentabilidade da música hoje baseia-se basicamente em vendagens
de formatos digitais, shows e visualizações no Youtube.
Quem mais sairia ganhando nessa história seriam as
gravadoras. Que por sua vez também tiveram de se virar para arrumar outros meios de lucrar com o boom do MP3.
Positivamente o revival do vinil é uma resposta a atual
falta de interesse cultural. Temos todas as facilidades tecnológicas possíveis para
conhecer milhares de coisas novas e mesmo assim vivemos num mundo que a
qualidade musical está degringolando cada vez mais. Já não dá para diferenciar
as coisas, pois tudo tem sido enlatado em um irritante formato comercial: o
rock, o samba, a black music, o sertanejo/country, tudo. Mesmo gêneros tradicionais
caem na máquina processadora que transforma a matéria prima em um “enlatado de
USA”.
O interesse pela mídia física é um alento. Mostra que
ainda existem pessoas que apesar de terem os ouvidos diariamente bombardeados
por lixo sabem separar o joio do trigo. Sem definir gêneros claro, o importante
é que a boa música possa ser apreciada em sua qualidade total (o que formatos
digitais não proporcionam).
Negativamente prejudica quem sempre colecionou e agora
sofre com a inflação dos preços graças a lei da oferta e procura. O alto custo
impossibilita também que uma grande massa passe a consumir LPs em larga escala no
Brasil, já que vivemos no país dos impostos e do emburrecimento cultural. Não
existem leis que ajudem a população de baixa renda a ter acesso a cultura ou
que ao menos incentive o consumo da mesma. Seja por meio de acessibilidade ou
redução de impostos sobre os produtos importados.
Quando mudei de SP para Maringá-PR empolgado pela
ascensão do vinil quase abri uma loja de discos usando minha própria coleção
como estoque inicial. A crise financeira não me permitiu. É um sonho que
engavetado. Quem sabe um dia.
Particularmente, acho até que longe do nosso querido
Pindorama a volta do vinil pode durar sim. Principalmente em países economicamente
mais bem estruturados.
Já para nós moradores desse “pais tropical abençoado por
deus e bonito por natureza” parece mais é um luxo para poucos, quase como um “Iphone
sei lá o que” ou alguma coisa assim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário