Phil "Philthy Animal" Taylor nos anos 80. |
Há exatamente uma semana atrás da data que começo a
redigir este texto, no dia 11/11 recebi uma das mais tristes notícias do ano.
O lendário baterista da formação clássica do Motörhead
estava morto. É, portanto, com muito pesar que decidi escrever sobre ele.
Phil “Philthy Animal” Taylor nasceu em 21 de setembro de
1954, no subúrbio de Chesterfield, Inglaterra. Agora aos 61 anos sua vida de
excessos cobrou seu preço, não se sabe ao certo o porquê, mas Philthy faleceu
deixando um imenso vazio para todos nós fãs de sua música.
A notícia foi divulgada por seu velho companheiro Eddie
Clark em uma rede social:
"Meu caro amigo e irmão morreu ontem à noite. Ele
esteve doente fazia um tempo, mas isso não suaviza nem um pouco quando a hora
realmente chega. Eu conheço Phil desde que ele tinha 21 anos de idade e ele era
um baita cara. Felizmente, fizemos música fantástica juntos e eu tenho muitas
memórias queridas dele de nosso tempo junto. Descanse em paz, Phil!"
“Fast” Eddie Clark
O líder e baixista/vocalista do Motörhead, Lemmy Kilmister
também falou sobre o assunto em entrevista para à revista Classic Rock:
"Estou me sentindo muito, muito triste no momento,
na verdade, devastado, porque um dos meus melhores amigos morreu ontem. Eu já
sinto falta dele. Seu nome era Phil Taylor, ou Philthy Animal, e ele foi nosso
baterista duas vezes em nossa carreira. Agora ele morreu e realmente fico puto
que morra alguém como ele e George Bush ainda esteja vivo. É de fazer pensar.
Ainda vamos em frente, vamos em frente com força. Foram Würzel
e agora Philthy. É uma vergonha, cara. Eu acho que esse negócio de rock &
roll faz mal para a vida humana."
Ian “Lemmy” Kilmister
Outros grandes nomes prestaram sua devida homenagem ao
Animal, todos reconheceram sua importância em suas vidas. Seja como músico ou
amigo de farra.
Talvez Lemmy com toda sua sabedoria de botequim tenha
razão. Afinal, que preço a vida de exageros imposta por esse tal de rock &
roll cobra desses artistas da massa?! Geralmente o maior dos preços: A própria
vida.
Quantos já não se foram ou encaminham-se para seus
túmulos pelos caminhos sujos do rock?
É verdade também que somos “nós” ou no caso “eles” que
escolhem seus próprios caminhos. E que todos viveram como bem quiseram, talvez
se arrependam de ter feito algo, mas nunca poderão se arrepender de NÃO ter
feito algo.
Olhando por outro ponto de vista, do agora, do
imediatismo, do terreno, talvez isso seja bom. Afinal que certeza temos do que
nos espera do outro lado? Sendo a foice do ceifeiro nossa única certeza devemos
aproveitar tudo ao máximo. E pode ter certeza que Philthy aproveitou.
Da esq. para dir.: Eddie Clark, Lemmy Kilmister e Phil Taylor. |
Seus anos com o Motörhead duraram entre 1975-1984, e
outro período entre 1987-1992.
Da primeira vez entrou para substituir o baterista Lucas
Fox, que abandonou o barco antes da gravação do primeiro disco da banda.
Sua importância para o heavy rock é inestimável. O seu
jeitão tosco de tocar é só mais um importante elemento de sua musicalidade, a
velocidade e força com que socava o instrumento tornou-se referência para a
maioria dos bateristas do thrash metal ao hardcore punk.
A forma como sempre entra chutando a porta e as viradas
esquisitas são sua marca registrada – o uso intensivo dos pratos a lá Bill Ward
também.
Participou do período considerado clássico do Motörhead e
gravou 11 discos com a banda. Entre os quais os essenciais para qualquer
headbanger que se preze: Overkill (1979) e Ace of Spades (1980). Além de outros
grandes discos igualmente importantes.
Depois de uma breve debandada em 1984, voltou dois anos
depois para mais três discos e algumas turnês.
Com seu desempenho caindo cada vez mais devido a duas
lesões ósseas graves (na coluna vertebral e na mão direita) potencializadas
pelo consumo desenfreado de cocaína e álcool, Lemmy decidiu demitir Philthy
definitivamente em 1992.
Fora do Motörhead tocou com o guitarrista Brian Robertson
(Thin Lizzy; Motörhead) no Operator, também participou de algumas turnês do
escocês Frankie Miller e de grupos de menor evidencia como o Waysted (com Pete
Way baixista do UFO) e o Capricorn (ao lado do guitarrista Todd Youth).
A maioria dos projetos em que entrou não decolaram. Isso
contribuiu para sua reclusão, afastou-se do showbiz e passou a viver isolado em
seu apartamento em Londres.
Sua saúde vinha definhando a anos, as informações sobre
sua vida eram poucas. Sabia-se só que andava doente, mas não o real motivo e
nem mesmo a gravidade.
Confesso que sua morte foi chocante demais para mim, falando como fã do
Motörhead.
Foram as batidas selvagens e rápidas de Phil Taylor que
despertaram a primeira fagulha do rock em mim. Foi ele ao lado de Lemmy e Eddie
Clark o primeiro time de músicos que curti de verdade, ao ponto de me
aprofundar primeiro em suas músicas, depois nos álbuns e enfim em tudo que carregava
o nome Motörhead – a primeira camiseta de banda, o primeiro boné, etc.
Por sua música e sua persona serem pedra fundamental na
minha formação como apreciador de música – e principalmente rocker – sua passagem
foi ainda mais dolorosa.
Foi como se um velho amigo (ou algo assim) falecesse,
restando apenas as lembranças, ou no caso de Phil “Philthy Animal” Taylor sua
música, que também é sua essência de vida.
Por isso, ele deixa o plano terreno para entrar no seleto
panteão dos imortais do heavy rock.
Belo texto e homenagem ao "imundo" Animal Taylor, Besouro!
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